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  • Foto do escritorRodrigo Silva

Uma Leica M3 bem incomum

Esta história começa devido ao meu interesse em buscar uma Leica "cega" (Md, MDa ou MD2) para usar com as lentes de câmeras P&S que venho convertendo. Geralmente com essas lentes onde se fotografa em hyperfocal, um sistema de foco RF ou visor nativo na câmera se torna desnecessário. Ainda assim eu gosto muito do manuseio das Leicas M, operar essas câmeras é uma experiência muito prazerosa. Com isso estava até disposto a desfazer da minha M3 e trocar ou comprar uma MDa porém no momento os preços praticados estão bem acima do que acho razoável para o modelo.


A ideia ficou meio esquecida até que lembrei de uma câmera que um amigo tem... Um modelo bem estranho que a principio seria usado apenas como sucata para reposição de peças. Nesta M3 falta todo o sistema de rangefinder além de ter algumas outras pequenas mudanças como ausência do selftimer e frameline preview. Minha teoria é que a câmera sofreu algum dano na ótica e por falta de peças ou vontade do dono investir acabou virando uma "Leica cega" onde todas as janelas foram bloqueadas com uma espécie de epóxi.



Além das curiosidades e o mau estado estético geral a câmera apresentava problemas como estar travada e com a cortina rompida.









Eu já tenho alguma experiência em mexer na M3 pois tenho uma outra sucata e aprendi bastante fuçando nela, a ponto de ter confiança de desmontar os mecanismos. O meu objetivo aqui era tentar liberar o mecanismo o que foi bem sucedido após umas boas horas consultando o manual de reparo.


A partir deste ponto o projeto começou a parecer promissor pois havia uma chance de salvar e voltar a usar essa câmera da forma que eu queria.


Foi ai que eu resolvi finalmente tentar algo que sempre achei muito interessante, que é repintura e personalização de câmeras. Ter uma M2 ou M3 preta sempre foi um sonho mas com os valores que esses modelos atingem a chance de comprar uma dessas é bem baixa, ainda mais em época de alta de preço generalizada. Para iniciar com o mínimo necessário foi preciso um investimento considerável em compressor, pistolas e outros equipamentos de pintura. Apesar do estado da câmera ainda é uma Leica então resolvi começar com modelos mais simples que tenho aqui...

Nos exemplos acima testei alguns tipos de tinta como esmalte sintético na Canonet e tinta automotiva Poliéster na Olympus PEN e Trip35. O acabamento de modo geral fica satisfatório mas algo que preocupa é a durabilidade destes tipos de acabamento comparado a um pintura de fabrica. Pesquisando sobre o assunto e observando o trabalho de grandes referências no ramo, cheguei a um tipo de revestimento cerâmico chamado Cerakote. Esse tipo de acabamento é muito usado para armas de fogo e algumas peças automotivas entre muitos outros itens inclusive câmeras.

São muitos os pontos positivos mas este não é um processo fácil ou barato de se fazer, além do preço da "tinta" existe todo um processo relativamente complexo para um hobista. As peças precisam ser jateadas com óxido de alumínio para criar uma textura especifica para a aderência do revestimento.

Para isso construí uma cabine improvisada que ao menos para peças pequenas é satisfatório.


As peças saem dai com um aspecto assim:

Abaixo todas as peças a serem pintadas...

Após aplicada com pistola ou aerógrafo as peças precisam ir ao forno por uma hora, e aqui vem mais uma vez o improviso usando um forno elétrico da década de 70 que estava parado aqui em casa.


A cor escolhida foi o Armor Black H-190 algo bem fosco que pessoalmente me agrada bastante. A parte boa é que após todo este processo meticuloso assim que a peça esfria já pode ser montada e esta totalmente resistente ao toque e solventes.


Próximo passo é preencher todas as marcações. Existem algumas técnicas mas eu optei por usar tinta mesmo. Usando um palito de dentes ou agulha se preenche toda a área com a cor desejada e depois de secar parcialmente passa-se um algodão ou pano com algo que dilua a tinta da marcação mas não afete o acabamento principal. Isso é algo que aprendi a tomar cuidado após os primeiros testes onde usei o mesmo tipo de tinta e na hora de remover acabou afetando a pintura principal. Uma boa ideia para garantir é usar tintas a base de água para este processo.


A maior parte do trabalho já estava concluído mas ainda faltava o revestimento de couro que no caso desta câmera especifica por conta das modificações comprar um pronto cortado a laser não é uma opção.

Aqui com mais uma ajudinha do amigo, achei esse couro autoadesivo no Aliexpress e fiz o possível para cortar o mais próximo possível para encaixar bem.


Não fica igual ao original pois tem uma textura menos pronunciada e é levemente fosco mas acho que combinou bem com o visual da câmera.


E com isso a primeira fase deste processo de restauração esta concluído, a câmera apesar de não estar macia como uma revisada, dispara em todas as velocidades e o reparo na cortina foi bem sucedido não havendo nenhum vazamento de luz. Em um outro momento pretendo fazer uma revisão geral com troca de cortina e ai sim vai estar zerada.


Gostaria de agradecer ao amigo Davi Saravia por me ajudar a realizar este projeto.(https://www.instagram.com/camerasclassicasbrasil/)

Pra quem não conhece ele é uma das maiores referencias quando se fala de Leica no BR principalmente as Barnack/LTM. Mesmo neste estado só ele seria maluco o suficiente para por uma M na minha mão e dar carta branca para fazer o que eu fiz sem ter experiência haha. Abaixo vou deixar mais algumas fotos do Antes e Depois.



Para outros projetos de personalização e coisas relacionada a impressão 3D visite minha página no Instagram: https://www.instagram.com/rodsgear/




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