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  • Foto do escritorRodrigo Silva

Experimento com processo direto positivo em cor RA-4

Atualizado: 12 de ago. de 2020

Em 2019 eu resolvi investir e experimentar fotografia em grande formato, consegui uma Toyo-View 45G por um bom preço graças a ajuda de um amigo, ela veio completa com uma lente simples porém funcional Rodenstock Apo Ronar 150mm f9.

Quanto maior o formato mais difícil de encontrar e mais caros são os filmes, com isso venho experimentando com processos alternativos. Primeiro usando filmes de raio-x como negativos. (veja aqui alguns resultados) Eu já tinha interesse em processos de positivos e após ver este video publicado por Ethan Moses do Cameradactyl em parceria com Joe Van Cleave fiquei bem animado uma vez que os químicos usados são comuns e já tinha todos em mãos.

O que me chama atenção é a característica similar a uma Polaroid. onde cada frame é único e sem muita margem para manipulação do resultado final. Primeiro passo foi conseguir o papel que é RA-4 (aquele mesmo usado em minilab fotoquímico). Ao menos os da Fujifilm estão disponíveis ao publico geral e não é relativamente caro, mas é necessário comprar um volume muito grande (a partir de dois rolos) o que dificulta um pouco o acesso. Encontrei um anuncio no ML de um dono de minilab que deixara de oferecer tamanhos grandes e estava vendendo o papel restante em estoque. Peguei com ele um rolo de Fuji Crystal Archive Lustre (fosco) na largura de 20cm que possibilita cortar chapas até 8x10 (20x25cm) e também seria útil para ampliação uma vez que tenho ampliador com cabeça colorida. Expliquei qual seria o uso e o vendedor foi gentil o bastante para incluir como brinde uns restinhos de rolos de papel tamanho 15cm, o que foi muito útil principalmente nesta primeira fase de testes, assim não desperdiço papel. O Processo


Primeiro é necessário cortar o papel em chapas para caber nos chassis 4x5 (10x12.5cm). Este processo precisa ser feito em total escuridão pois o papel é sensível a todo o espectro de luz. Tenho uma faca/guilhotina daquelas de papelaria e fiz umas marcações com fita e no escuro uso o tato para posicionar no local correto de corte.


A Exposição: Uma vez que as chapas estão no chassis precisamos determinar um ISO aproximado para poder basear a exposição, segundo pesquisei este papel seria algo entre ISO 8 a 12. Porém isso é quase irrelevante devido ao fato que precisamos adicionar filtros para corrigir a temperatura de cor e compensar a falta da base laranja dos filmes C-41. Filtros:

Aqui talvez o maior desafio deste tipo de processo pois envolve muita tentativa e erro.


Na imagem ao lado mostro algumas das opções que testei, tanto na frente da lente como no flash.










No video que me inspirou eles usam filtros laranja do set multi contraste da Ilford que originalmente servem para controle de ampliação de papel PB. Eu não tenho esse kit e os que vi a venda achei meio caro, então resolvi testar com os filtros laranja/âmbar 85 que já uso com filmes de cinema. Cheguei a usar até 3 filtros "85" em paralelo que são de diferentes marcas, e com isso tive os primeiros resultados "OK" em luz natural mas para flash ainda ficam azulados, então incluía algumas camadas de gel laranja. Já estava conseguindo cores aceitáveis mas ainda não estava satisfeito e queria ter possibilidade de um ajuste mais fino.

Então comprei mais filtros desta vez todos da mesma marca (Hoya)

Arrematei este lote por um preço legal e nele tem variações do 85 (A, B e C) e também 81 (B e C) Com a ajuda desta tabela que encontrei no site do fabricante dos filtros fica mais fácil pois os filtros tem um valor numérico e posso ir adicionando ou removendo conforme achar necessário.


Usando uma câmera digital setada no valor Kelvin de balanço de branco mais baixo e o hue todo para o azul pude testar com mais facilidade a influência das combinações de filtros.


Sendo assim determinei que o meu "filter pack" seria algo entre 4 e 5 filtros para flash e uns 3 para luz natural...

Devido a esta enorme quantidade de filtros estou perdendo no minimo uns 2 stops de luz e isso em uma objetiva F9 acaba dificultando o uso prático para retratos que é meu objetivo final.

Meu Flash de estúdio na potencia máxima e relativamente próximo do objeto ainda não estava dando conta da exposição, o que me levou a começar buscar uma lente F4.5, geralmente a escolha de quem trabalha com processos wet plate que tem como similaridade o ISO super baixo).


Químicos:

Felizmente os químicos para este processo colorido são comuns e relativamente fáceis de se encontrar. Dektol (revelador para papel PB) Interruptor (normal usado em filmes e papel) RA-4 Revelador (revelador de papel RA-4) Blix Branqueador + Fixador (encontrado em kits de C-41 ou RA-4)

Todos estão em suas diluições originais para os processos normais, e estou usando tudo em temperatura ambiente, até testei com revelador RA-4 entre 35 e 40C que é padrão mas não notei uma melhora ao menos nos meu testes iniciais.


A primeira parte da revelação no Dektol precisa ser em total escuridão, não é um processo extremamente critico em relação a tempos mas deixo abaixo os que estou usando. Dektol (1:30min) Interruptor (20seg)



Após este passo se acende a luz e o papel é exposto a luz branca para velar a parte não revelada pelo primeiro revelador, alguns segundos já basta e o ideal é passar por um banho de água para remover resíduos do interruptor.


Revelador RA-4 (0:45 á 1:30 dependendo da diluição e se o químico esta ou não fresco) Blix (1min) Veja no video acima o processo todo. O Resultado:

Por fim temos uma imagem positiva e espelhada num tamanho que acho bem legal para dar de presente ou montar um álbum. Ainda tem algum desvio de cor e a imagem é bem contrastada mas acho que isso adiciona um caráter a mais no processo.

Para chegar onde estou já fiz perto de 30 chapinhas onde o único objetivo é acertar a cor e exposição. Abaixo deixo uma galeria com alguns scans de resultados ao longo da fase experimental.

O próximo passo é conseguir uma objetiva mais clara e começar a aplicar o processo em retratos.

Continua... *Edit Agosto 2020 Bom após este primeiro post eu consegui aprimorar mais o processo e hoje em dia acredito ter uns resultados bem aceitáveis. Minha configuração atual consiste em: Camera Toyo 4x5 + Lente Industar-51 210mm f4.5 Papel Fujifilm Crystal Archive II Filtros 85B + 85 + 85C + CC20M Minha limitação no uso ainda é a falta de luz, para retratos eu precisaria de flashs mais potentes ou longa exposição sendo que o ISO efetivo após toda a filtragem é entre 1 e 3. Aqui deixo um video mostrando mais um resultado.


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